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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Vinhos Herdade da Maroteira em Évora.

 


A qualidade sente-se.


Conheci esta herdade há anos, depois de um Cliente ter ficado muito desiludido quando não viu, na nossa carta, o vinho Cem Reis. Uma vez que o hóspede ia permanecer uma semana, apressei-me a contatar esta empresa para uma visita e comprar, pelo menos, uma caixa, de forma a satisfazer os desejos do Cliente.

Na altura respondeu, ao meu contato telefónico, o Sr. Philip Mollet, que se mostrou imediatamente disponível para me receber nesse mesmo dia. A pouco mais de 90 km da zona onde me encontrava (Alter do Chão) fiz a viagem com o chefe de vinhos ansiosa por provar o vinho e, acima de tudo, ansiosa em poder satisfazer o desejo do nosso hóspede.

Após uma ligeira prova, rendemo-nos à extrema qualidade do vinho, acabamos por adquirir cinco caixas e tornou-se um dos meus vinhos de eleição. 

Hoje, da Herdade da Maroteira, temos os vinhos Mil Reis, Cem Reis, Dez Tostões e Sr Doutor, mas quantos dos leitores já provaram algum destes vinhos?


Desde a época em que decidimos introduzir o Vosso vinho na nossa carta, em Alter do Chão, desde 2007 a 2012, quais foram as melhorias mais significativas na Herdade da Maroteira?

A Maroteira é uma empresa dinâmica, em constante evolução. Desde esses tempos, focámo-nos na plantação (e aquisição) de novas vinhas, concretizámos a construção da nossa nova Adega e formámos uma equipa completa de enologia, logística e administração. Algumas marcas foram redesenhadas (como é o caso dos vinhos “Senhor Doutor”) e foi criada uma linha biológica – O “Bio Tostões”. Esta ultima década foi um período de rápido crescimento, todos os dias pareciam trazer uma novidade.  

Qual a história da Herdade da Maroteira? É uma herdade de família ou foi adquirida com o propósito da produção de vinho?

A história da Maroteira escreve-se sobre mais de 100 anos sendo que, a mesma, pertence hoje a uma das ultimas 3 herdades da família Reynolds no Alentejo.

Em finais do séc. XIX, dois irmãos de nomes John e Robert Reynolds atracaram na cidade do Porto, devido a uma avaria no barco onde navegavam rumo à Austrália. Durante o tempo de reparação do barco, um dos irmãos, Robert, apaixona-se por uma mulher de nacionalidade Espanhola e decide ficar em Portugal, John segue viagem para a Austrália.

Embora tenha inicialmente tentado integrar-se na industria dos Vinhos do Porto, rapidamente percebe que esse negócio estava completamente tomado e bem explorado por parte de outras famílias de origem inglesa, deixando-o sem lugar no mesmo. Face a isto, Robert Reynolds decide investir neste negócio e desloca-se ao Alentejo (Estremoz) onde compra a sua primeira propriedade. Nas décadas que se seguiram Robert adquiriu um total de 25 propriedades tornando-se em 1940 o maior proprietário do Alentejo.

No fim dos anos 40, Robert falece e o seu filho mais velho, Raphael, começa a liquidar parte da herança. Seguem-se muitas mais até aos dias de hoje, sendo que restam, atualmente, apenas 3 das 25 originais.

Quando Philip Mollet se mudou para a Herdade da Maroteira, há cerca de 20 anos, não existiam vinhas e o sustento da Herdade era o Montado (480 ha de cortiça na Maroteira) e o gado (ovelhas). Por esta altura, já estava criado o monopólio na cortiça e os preços tinham caído drasticamente em poucos anos. Isto levou Philip a procurar uma solução de sustento alternativa. Nessa altura, plantou os primeiros 5 ha de vinha, nunca com o objetivo de produzir vinho, mas sim com o objetivo de vender a uva.

As duas primeiras colheitas (2003 e 2004) foram vendidas, mas, em 2005, o acordo celebrado com o comprador cai por terra. Philip recorre ao jovem enólogo António Maçanita, contratando-o como consultor, e nasce assim o Cem Reis Syrah 2005, permanecendo o nome de António Maçanita como enólogo consultor da Maroteira até aos dias de hoje.

Com vários vinhos de qualidade, quais as maiores diferenças entre eles: fale-nos de cada um, para os leitores ficarem mais bem esclarecidos.

O perfil de vinhos inicialmente criado, mostrava sempre um caráter mais robusto, alcoólico e frutado. Com o passar dos anos fomos procurando equilibrar o perfil sendo que produzimos hoje algumas referências de perfil mais fresco, como é o caso dos vinhos “Senhor Doutor”. Aqui, tanto no Touriga Nacional, como no Field Blend Branco, sentimos uma frescura e acidez que não é por norma associada aos nossos vinhos. 

Os vinhos “Dez Tostões” mantêm-se como referências equilibradas e polivalentes, enquanto que cheios em corpo mostram-se igualmente elegantes na acidez e frescura. Estes vinhos representam um perfil mais jovial que se adapta a diferentes tipos de gastronomia. 

O Cem Reis variou pouco em perfil desde a sua criação, embora o amadurecimento das vinhas lhe tenha trazido uma estrutura e complexidade maior, identifica-se sempre facilmente pelo lado quente e frutado do Syrah. A bandeira da casa. 

O Mil Reis nasce em anos excecionais. Sendo que existiram, até à data, apenas duas edições (o 2013 e o 2019). Aqui mostramos aquilo que sentimos ser o potencial máximo da casta que mais nos representa, o Syrah. 

A herdade está aberta a visitantes? E promove alguma atividade?

Sim, fundámos em 2016 a empresa “Corktrekking”. O objetivo da mesma é assegurar uma experiência única a quem nos visita, através de passeios de jeep, passeios pedestres, provas de vinhos e experiências gastronómicas com parceiros locais. Criámos um site para a mesma onde os leitores podem consultar mais informações – www.corktrekking.com .

Quais as maiores dificuldades com que se debateram nos últimos anos e quais as maiores dificuldades atualmente?

Acho que o maior desafio foi construir o perfil de empresa e produtor de forme muito objetiva e firme. Fomos sempre fieis aos nossos princípios e nunca nos desviámos muito do plano original. O resto foi acontecendo por si. Foi preciso saber dizer “não” em muitas ocasiões mas, com alguma determinação e coragem, temos orgulho da posição que a Maroteira segura atualmente.

O que gostaria de ver mudado no Vosso setor?

É um setor dinâmico, em constante adaptação/mutação. É difícil apontar algo especifico que acho que deva ser mudado. Gostaria de ver que não sucumbimos às pressões económicas, banalizando o setor, e que nos mantemos fieis á nossa singularidade e aos nossos princípios. É difícil dizer que não, a certas propostas, quando temos contas por pagar… mas a posição da nossa  industria depende muito disso. Temos de saber pensar a longo prazo.

Não sendo eu uma pessoa com grandes conhecimentos no Vosso setor, pergunto o que gostaria de acrescentar mais a este artigo?

Gostaria apenas de agradecer a oportunidade e convidar os leitores que não nos conhecem ainda, a provar os nossos vinhos. É importante conseguirmos chegar ao publico através de artigos como este. Seja qual for a dimensão, fazem parte de um todo que nos mantem presentes num setor que é hoje tão competitivo.

Obrigado!


https://maroteira.com/pt/

Maroteira Vinhos

Morada: Zona Industrial de Redondo

Rua Aldeias de Montoito, lote 77

7170-120 Redondo

Portugal

GPS: N 38°38’36.2″ – W 7°32’31.9″

E-mail: info@maroteira.com

Tel: (+351) 914 680 140


                                     Experimentem e dêem-me “feedback”

 da Vossa experiência.

                                      (texto da autoria de Maria Delfina Gama)


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