quarta-feira, 13 de abril de 2022

“Bananeira” por Miguel Boieiro


Quando repeti a visita ao deslumbrante arquipélago de Guadalupe deparei-me com uma atraente feira de produtos naturais e de imediato adquiri o folheto ilustrado com o sugestivo título “La Banane – une Plante importante de notre Biodiversité”, editado pela Association pour les Plantes Médicinales et Aromatiques de Guadeloupe”.

Ele resume admiravelmente o percurso da bananeira desde a sua origem na remota Papuásia-Nova-Guiné, até se difundir por todas as regiões tropicais do planeta. Descreve depois as suas inúmeras variedades cultivares e finaliza com três apetitosas receitas. Foi esse simples desdobrável, o inspirador de mais esta croniqueta.

Não é fácil abordar a bananeira segundo as leis da ciência botânica porque permanece confusa a sua taxonomia. Embora atinja uma altura que frequentemente ultrapassa os 10 metros, a bananeira não é uma árvore, mas sim uma erva-gigante. O seu tronco, ou melhor, o pseudotronco, é formado por um caule rizomatoso donde partem grandes folhas, cujas bainhas estão dispostas em espiral e fortemente apertadas umas às outras. Do rizoma inicial brotam regularmente novos rebentos. Cada rebento cresce e dá fruto uma só vez, sendo depois cortado para dar lugar ao seguinte. As folhas da bananeira são simples, inteiras, pecioladas, verde-claras, brilhantes, oblongas, chegando a ter 4 metros de comprimento por 1 metro de largura. As flores, hermafroditas, envolvidas em brácteas acastanhadas ficam pendentes em espiga terminal, dando seguimento aos frutos que são bagas alongadas e curvilíneas, como toda a gente bem sabe.

Mas espantoso é que esta herbácea da família das Musaceae que dá pelo nome de Musa x paradisiaca (atenção: o “xis” significa que a espécie é híbrida) possui flores masculinas estéreis e os frutos não têm sementes. Portanto não existe fecundação e as bananas surgem através de partenocarpia. Consultado o Grande Dicionário da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, publicado pela saudosa Sociedade da Língua Portuguesa, temos o significado da arrevesada palavra: “Produção de frutos sem formação de sementes e geralmente sem prévia fecundação”. Confesso que do alto da minha ignorância fiquei deveras surpreendido!

Diz-se que há cerca de 7 mil anos, as formas selvagens oriundas do sudeste asiático, concretamente a Musa acuminata e a Musa balbisiana, cujos frutos policárpicos eram providos de numerosas pevides negras, angulosas e duras, foram gradualmente domesticadas, sofrendo hibridações, mutações e seleções em metamorfoses incessantes provocadas pelo Homem, até alcançarem atualmente o pujante mercado à escala planetária, dominado em 60% por três multinacionais americanas. Refere o folheto, acima mencionado, que a produção mundial é na ordem dos 110 milhões de toneladas, sendo mais de metade para consumir como recurso cozinhado (plátanos) por mais de 400 milhões de pessoas dos países tropicais.

Parece que a palavra “banana” provém de um remoto idioma do golfo da Guiné e foi transmitida pela língua portuguesa a todos os países ocidentais (só os espanhóis preferem dizer “plátano”).

Há mais de mil variedades deste fruto feculento e nutritivo conhecido em toda a parte e que desempenha um papel determinante no tratamento de várias doenças. É rico em vitaminas B6, B12, betacaroteno, potássio, magnésio, cálcio, ferro, cobre, manganés, hidratos de carbono, ácido fólico, fibras …

Controla a pressão arterial, absorve o mau colesterol, combate a depressão, a demência, a osteoporose, as doenças da pele, as cãibras, o envelhecimento precoce, protege o sistema nervoso e o sistema ocular. Diz-se ainda que o consumo de bananas para além de constituírem um sublime alimento sempre disponível em todas as épocas do ano, ajudam a prevenir o cancro do cólon e dos rins e podem aumentar a libido masculina (?).

As bananas verdes, ainda não totalmente amadurecidas, também são comestíveis. Elas possuem maior teor em amidos os quais se transformam gradualmente em açúcares (glucose, sacarose e frutose) à medida que vão amadurecendo. O consumo dumas e doutras depende do gosto e da finalidade que se pretende atingir. De resto, a fruta é extremamente versátil e adaptável a milhentas utilizações em doçaria e em pratos cozinhados. Por mim, gosto de a assar no forno solar, cortada simplesmente às rodelas numa vasilha de pirex. Fica uma delícia!

Também a casca e as flores podem ser usadas vantajosamente em culinária pois não possuem quaisquer contraindicações.

A terminar, acrescento que 130 países alavancam a sua economia na produção de bananas, sem contar com as da Madeira que, para nós, são especiais pelo seu fino paladar. Atualmente os maiores produtores são a Índia, a China, as Filipinas, o Brasil e o Equador. Este último país, a despeito da sua escassa dimensão, é o principal exportador.


(texto da autoria de Miguel BoieiroVice-presidente da Direção da SPN)

  

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