segunda-feira, 7 de março de 2022

“O reconhecido enófilo Luís Gradíssimo em entrevista à Revista P´rá Mesa” por Mónica Rebelo



 “Quando bebemos vinho, estamos não apenas a beber o líquido, mas a beber também um pouco de história” – Luís Gradíssimo (retirado daqui)

Se por acaso participasse numa prova em que consistisse identificar, apenas através do olfato e do paladar, castas e países de origem de vinhos de todo o mundo, seria capaz, meu caro leitor?

Engenheiro de formação, enófilo e empreendedor, formador e organizador de eventos vínicos, Luís Gradíssimo começou cedo a interessar-se por vinhos e hoje faz deles a sua vida!

E assim cria a marca Enóphilo, para organizar eventos e lecionar cursos de prova, mas também já editou dois livros, sendo estes denominados de “Enogastronomia” e “Bruto - o espumante à mesa”, conhece?

Vamos ficar então a saber sobre tudo isto e muito mais, nomeadamente acerca da relação de Luís Gravíssimo com o vinho, logo também com a própria comida, não perca a entrevista já de seguida e depois comente!



1.      1. Em primeiro lugar, quem é Luis Gradíssimo?

Luis Gradíssimo: Um enófilo, isto é, uma pessoa que gosta e que se dedica ao Vinho. No meu caso, profissionalmente, é a minha atividade, sou o responsável pela marca Enóphilo, insígnia de assinatura de eventos e formação. A título pessoal, também autor.

     2. Tudo começou com o Blog Avinhar, estou certa?

Luis Gradíssimo: Na realidade, começou um pouco antes, mas talvez tenha sido com o Avinhar que o meu nome começou a ganhar visibilidade. Tudo começou no início de 2013, com o lançamento do projeto Adegas de Portugal (descontinuado em 2015) que se dedicava à promoção de Enoturismo, e ainda em 2013, com o lançamento do Wine Club Portugal, um clube de vinhos que mais tarde veio dar origem à marca Enóphilo que hoje conhecemos. O blog Avinhar surgiu em outubro de 2014, já lá vão uns anos…

1.      3. Mas o que é que o atrai mais no mundo da Gastronomia e do Vinho?

Luis Gradíssimo: Não tenho uma resposta simples e direta, penso que são vários fatores combinados. Tanto o Vinho com a Gastronomia são mundos fascinantes, diversos e cheios de história, com muito para conhecer e provar, e que se conjugam. Isto aliado ao facto que ambos atraem pessoas para a mesa, um local de convívio, de partilha, de prazer.  

     4. E o que fez, afinal, a pandemia ao nosso consumo de vinho e, consequentemente, à produção de vinho nacional?

Luis Gradíssimo: Ao consumo em si, penso que não fez nada, isto é, continuamos a consumir vinho. Se mudou alguma coisa foi o local de consumo, que para alguns seria feito sobretudo fora de casa, e que durante o confinamento, passou a consumir em casa. Continuo a sentir um grande interesse pela temática do Vinho, com os cursos presenciais e agora também com os online a terem procura. O vinho faz parte da nossa cultura e da nossa alimentação, não será uma pandemia que vai alterar isso.






1.      5. Entretanto, já vai no segundo livro editado, por isso, eu pergunto-lhe: será que o terceiro livro já se encontra a caminho?

Luis Gradíssimo: É verdade, já são dois. O primeiro, Enogastronomia, foi lançado no final de 2020, em plena pandemia, resultado de ter tido mais tempo para me sentar e me dedicar a este projeto. O segundo, Bruto – o espumante à mesa, saiu em junho de 2021. Ambos se dedicam à questão da Enogastronomia, isto é, à relação comida – vinho – pessoa, falando não só da conjugação de comida e vinho, mas tendo sempre em consideração que essa conjugação vai ser degustada por uma pessoa, com as suas particularidades e condicionantes. Sim, estou a escrever o terceiro, espero terminar agora em 2022, um livro que continua a explorar esta questão da relação da comida – vinho - pessoa. 

     6. No que diz respeito então ao seu primeiro livro editado, sublinhe-se que é o único livro em Portugal sobre a temática da Enogastronomia, logo até que ponto é que achou importante dar ênfase a este tema e a ver com o nosso país?

Luis Gradíssimo: Sim, é o único livro publicado em Portugal sobre esta temática. O mundo do Vinho e o mundo da Gastronomia deviam andar sempre de mãos dadas, mas nem sempre acontece, pelo que, pareceu-me pertinente este trabalho, que pode ser aplicado em qualquer parte do Mundo.

      7. Já agora, como saber exatamente se determinado vinho é ou não é o mais adequado para acompanhar um determinado prato? Por outro lado, também existem grandes diferenças na seleção do mesmo, nomeadamente quando se trata de um prato de carne ou de um prato de peixe, correto?

Luis Gradíssimo: Há algumas regras elementares que nos ajudam no processo de escolha de um vinho para um prato, ou de um prato para um vinho, mas nada como experimentar e perceber os resultados. 

     8. E qual foi a razão principal para editar um segundo livro só dedicado aos vinhos espumantes?

Luis Gradíssimo: Porque é um tipo de vinho que gosto muito, mas também porque os espumantes são muito versáteis à mesa. Contudo, de uma forma geral, temos pouco hábito de o colocar à refeição, o que me levou a escrever sobre o assunto, para desmistificar um pouco essa questão e incentivar o consumo de espumante à mesa e não ser apenas e só um vinho para fazer barulho e um brinde na noite da passagem de ano.




1.      9. Será que se importa de comentar um pouco acerca dos métodos de produção em torno dos espumantes, bem como deve ser, afinal de contas, este tipo de vinho servido à mesa?

Luis Gradíssimo: Não queria entrar num registo técnico, mas de facto, há diversos métodos de produção, diferentes graus de doçura e diferentes idades, pelo que, há uma grande diversidade de estilos de espumante, não só em Portugal como um pouco por todo o mundo, permitindo assim um leque de opções bastante alargado. Faço essa introdução no livro Bruto – o espumante à mesa, onde poderão ver em mais detalhe. Em termos de serviço, temos de parar de o colocar à mesa apenas com o bolo. Como referi há vários perfis de espumante, cada um com as suas temperaturas mais adequadas, para todos os gostos e estilos, desde um simples aperitivo até ao final da refeição.

     10. Sendo também organizador de eventos, bem como formador, quer aproveitar o momento para divulgar algum tipo de evento vitivinícola, ou curso online e/ou presencial só pensado para enófilos?

Luis Gradíssimo: Estamos a passar uma época conturbada, pelo que, torna-se um pouco difícil fazer planeamentos a médio / longo prazo como habitualmente faço. O evento principal é o Enóphilo Wine Fest, que tem edições regulares em Lisboa, Coimbra e Porto, se as condições o permitirem estará no dia 23 de abril em Lisboa, 28 de Maio em Braga, 25 de Junho em Coimbra e 19 de Novembro no Porto. Há também o Brut Experience, um concurso internacional de espumantes que tem associado um evento de prova aberto ao público, mas neste momento ainda não sei dizer se haverá este evento em 2022. Vamos ver se há condições para apresentar mais novidades. Na formação, a aposta vai recair mais no online, já há o curso de introdução à enogastronomia, por exemplo, mas outros vão surgir no início de 2022 com uma academia online, uma das grandes novidades Enóphilo para o próximo ano. 

     11. Para finalizar, sendo que beber vinho também é um ato de cultura, através da prática do enoturismo somos igualmente capazes de redescobrir uma determinada região e a vários níveis! Acrescente-se ainda que o vinho foi sempre considerado como sendo a mais nobre bebida que se deveria servir em primeiro lugar aos convidados, transportando em si elevados valores culturais e espirituais e até estéticos e morais ao longo dos tempos, concorda?

Luis Gradíssimo: Concordo em absoluto, vinho é muito mais do que uma bebida alcoólica, uma das razões de ser tão apreciada por este mundo fora.                                                     


                                                                                                 Mónica Rebelo,
                                                                       fundadora da Revista P´rá Mesa.


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