domingo, 12 de junho de 2022

"PYTTIPANNA – Suécia" por Jack Soifer

 

Sendo eu sueco, nascido no Brasil de pai ucraniano e mãe moldava, é bom começar com a história de receitas comuns nestes países!


PyttiPanna significa algo como “restos pequenos na frigideira”: prato tradicional de 2.ª feira em que utiliza os "restos" picados, dos lautos almoços de domingos.

Nas décadas de 1920/30, a emigração da pobre Suécia, mormente para os EUA, foi enorme, maior do que a de Portugal em 1960.

A Suécia era muito pobre até a década de 1950. A neutralidade na 2.ª GG possibilitou as indústrias, que nada tinham sofrido na guerra, a exportar o que a Europa precisava para a sua reconstrução. O minério de ferro era transformado em aço e máquinas, o de cobre em cabos elétricos, a enorme floresta em mobiliário e papel, a beterraba em açúcar. Os férteis campos do Sul davam cereais e sementes. Logo, muito era exportado!

Enquanto pobre, e com a agricultura limitada pelo longo inverno, a maior parte da população comia batatacebola, no Verão algum pão, e aos domingos algum peixe, quando havia; porco com alguma frequência, raramente galinha. A sobra do almoço de domingo ia para a frigideira, com banha de porco, cenoura e bastante sal, para restar para a 3.ª feira.

A tradição continuou e as netas adicionaram espinafre, ervas, salsicha e não porco, ovo frito e hoje continua a tradição, não só de pobres, mas de quase todos.

Como a Açorda do Alentejo, a receita ajusta-se ao que existe a cada mês, em cada região. Todas levam grão, cebola, batata, tudo picado. No Norte, onde há muito porco e pouco girassol ou azeite, vai à frigideira com óleo vegetal, grão, porco ou salsicha. 


No Centro, mais nas famílias que fizeram férias na Europa, leva óleo de girassol, e ainda erva, cenoura, salsicha ou peixe. Este varia, consoante a estação do ano.   

No Sul, onde há muitos imigrantes e muitos islamitas, leva frango, peixe no Verão, azeite, cenoura, pode levar curgete ou beringela; até tomate seco e ervas aromáticas (classes média e alta).
O sal e as ervas variam muito consoante a receita da avó. Em 15 minutos prepara-se tudo.

Como por cá e por toda a parte, os almoços de domingo são a confraternização familiar, com irmãos, primos, todos que vivem na mesma região. E, de forma rotativa, em diferentes casas, as receitas variam consoante quem convida. Como geralmente acontece, as mulheres juntam-se para apoiar a cozinheira e falar das novelas, e os homens ficam no terraço ou na sala, para falar de futebol. Parece universal: COME-SE, BEBE-SE e o convívio nos dá forças para enfrentar mais uma semana. YES, WE CAN - DESFRUTAR!

 

                                                   (texto da autoria de Jack Soifer)

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Muito obrigada pelo seu comentário, que, realmente, a história da Alimentação anda a par e passo da história do Homem!
      Apareça por aqui mais vezes, Mónica Rebelo,
      fundadora da Revista P´rá Mesa em www.pramesa.pt
      e detentora do Blog Cozinha Com Rosto em www.cozinhacomrosto.pt

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