quarta-feira, 13 de julho de 2022

“Crisântemo coroado” por Miguel Boieiro

Numa das viagens que fiz ao extremo oriente, fui encontrar num recanto de um esmerado jardim botânico o Chrysanthemum coronarium que, abusivamente, aportuguesei de “crisântemo coroado”.

 

Vulgarmente, esta planta comum é tratada indiscriminadamente como malmequer, nome com que também se designa o pampilho das searas (Chrysanthemum segetum) e outras numerosas flores compostas. Então, para evitar mais confusões, avancei para crisântemo coroado, aguardando as correções dos especialistas botânicos da nossa praça. Aproveita-se para informar que os ingleses a chamam de “Crown Daisy” e os espanhóis “Mirabeles” ou “Pajaritos”.

Muitos dos que me estão a ler, hão-de perguntar, por que diabo aparece agora uma planta em que ninguém repara e que provavelmente só tem servido para alimentar coelhos.

Pois enganam-se, caros leitores. Esta erva que existe em profusão nos terrenos incultos e nas bermas dos caminhos, é altamente apreciada nos países orientais, de tal maneira que a cultivam e a apaparicam como se fosse uma valiosa especiaria. E, no entanto, aqui, na região em que é originária e cresce espontaneamente, de tal modo que em plena primavera, é talvez e erva mais visível nos nossos campos, ninguém dá um chavo por ela.

Então, que préstimo é que dela tiram os japoneses e os chineses? Em primeiro lugar, comem-na, como boa iguaria, em sopas e saladas. É verdade, as folhas tenrinhas são usadas para confecionar sopas aromáticas juntamente com outros legumes. Por sua vez, as pétalas das flores ornamentam as saladas e dão-lhe um toque gustativo que as sublima em termos de paladar.

Mas para além disso, as flores são lindas, com a sua corola amarela, cujo colorido, extravasa para as pétalas brancas, levemente dentadas. Poderia vantajosamente integrar a vegetação dos nossos jardins públicos e privados, em vez de se importarem espécies de difícil e onerosa manutenção.




O Chrysanthemum coronarium é tipicamente mediterrânico, tão proeminente, que o podemos classificar como infestante. Embora florindo na primavera, temos encontrado esta planta espantosamente em flor, durante todas as estações do ano.

É da família das compostas ou Asteraceae, como já se aludiu e como todos os crisântemos é bastante aromática por conter óleos essenciais. A planta é anual e possui talos ramificados com folhas alternas muito recortadas e flores em capítulos radiais, cuja corola é de um amarelo vivo, sendo as pétalas brancas na maior parte da sua extensão. Aproveita-se para dizer que coabita com esta planta, outra variedade de crisântemo que se distingue deste, apenas porque as suas flores são totalmente amarelas.

Análises químicas efectuadas nos EUA a 100 g de folhas secas do crisântemo coroado, apresentaram os seguintes valores:

292 calorias, 27,7g de proteínas, 50,8g de hidratos de carbono, 4,6g de gorduras, 969 mg de cálcio, 523 mg de fósforo, 38,5 mg de ferro, sódio e potássio.

Encontraram-se também vitaminas A, B1, B2, B6 e C, entre outras.

Estes elementos encontram-se divulgados, mas não temos condições de os aferir e as suas quantidades poderão não corresponder exatamente às plantas que existem na nossa região.

Para além da sua característica edível, a planta tem particularidades medicinais, por ser aromática, expectorante, purgativa, estomáquica e amarga.

É igualmente apontada como repelente de insetos nocivos para a agricultura e, portanto, protetora dos campos cultivados.

Posto isto, vamos ver quem vai começar a utilizar esta erva tão “desprezível” na gastronomia portuguesa, seguindo o exemplo criativo dos povos orientais.


  

(texto da autoria de Miguel BoieiroVice-presidente da Direção da SPN)

  

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