quarta-feira, 26 de outubro de 2022

"Leite: alimento milagroso ou prejudicial?" por Sandrina Martins

Vou começar com uma frase muito comum: “o ser humano é o único mamífero a consumir leite na idade adulta”. É totalmente verdade!


A OMS recomenda que o leite materno esteja presente exclusivamente, e se possível, na alimentação dos bebés até aos 6 meses de idade. Para os bebés até esta idade, o leite tem tudo o que é essencial e na quantidade certa. Obviamente que a vida moderna e as sociedades mais desenvolvidas obrigam à introdução da alimentação sólida por volta dos 4 meses. Já para não falar que nem todas as mães conseguem amamentar os seus filhos e, embora haja leites artificiais de muito boa qualidade, nunca serão cópias perfeitas do leite maternos… não se pode introduzir anticorpos em latas!

A questão aqui é se, de facto, necessitamos de beber leite durante toda a vida e se é benéfico ou não.

Praticamente, todas as rodas ou pirâmides dos alimentos contêm o grupo dos laticínios, em proporções variáveis. Facilmente deduzimos que o leite pode fazer parte da nossa alimentação nas doses recomendadas. Se o leite é um alimento exclusivo, nos primeiros meses de idade de um bebé, é natural que a dose diária consumida até à idade adulta terá de ir diminuindo.

Tem surgido alguma controvérsia sobre este assunto, relacionada com a necessidade de beber leite na idade adulta, ou com as alergias que têm sido detetadas, por causa das proteínas contidas no leite de vaca.

Como sabem, faço questão de partilhar os meus gostos com vocês! Assim, ficam a saber que gosto de leite: sem nada, fresquinho, quentinho, com cevada e até com xarope de morango (ai, a gulodice!). Também adoro iogurtes e queijo, por isso, o meu consumo diário de leite restringe-se ao pequeno-almoço.

Numa consulta de nutrição, fui aconselhada a abandonar o leite de origem animal e a experimentar os leites vegetais. Já tinha feito uma incursão no leite de soja e não correu bem. Depois do conselho, decidi experimentar os leites de arroz, amêndoa e aveia. Adoro os de aveia e amêndoa, que compro de vez em quando, mas o de arroz… desculpem-me, os que gostam, mas parece água de cozer o arroz.

Dentro dos leites de vaca, já há variadas opções para pessoas cujo sistema digestivo necessita de um cuidado especial, como a não digestão correta da lactose. Este leite também é consumido cá por casa e quem o consome notou a diferença. Depois há imensos leites com suplementos de cálcio e vitaminas. Em relação a estes não sei bem se têm o efeito pretendido…

É sabido também que o leite de vaca é muito gordo e aí podemos privilegiar o leite de cabra, por exemplo. Também há leite de burra, mais difícil de arranjar, é certo. Mas este leite já demonstrou, em estudos experimentais, que não provoca alergias nos bebés e que poderia ser recomendado a partir dos 12 meses de idade. A empresa açoriana Asinus Atlanticus investiu na criação deste animal e tem potenciado as suas características nutricionais.

Há ainda leites, mais exóticos para nós, como o de camela ou de búfala, cujas propriedades também têm sido estudadas. São consumidos pelas pessoas que coabitam com estes animais autóctones, em África, Ásia ou América, e não lhes é reconhecido qualquer problema de maior na saúde dos humanos.

O leite, qualquer que seja, pode ter o seu espaço.

A escola está a começar e há muitos anos que funciona o Programa do Leite Escolar, que constitui na atribuição diária e gratuita de um pacote de 200 ml a cada criança do pré-escolar e aluno do 1.º Ciclo. No início do ano, os encarregados de educação devem referir se querem que o seu educando consuma o leite escolar. A decisão é de cada um, mas se não houver nenhum problema com o consumo deste leite, eu aconselho os pais a autorizá-lo. Este programa também visa suprir, muitas vezes, as carências alimentares que inúmeros alunos portugueses ainda têm… infelizmente.

Respondendo ao título que dei ao texto de hoje, na verdade não concordo com ele! É como qualquer outro alimento, pode muito fazer parte do nosso regime alimentar, nas quantidades certas. Logo, não nos vai tornar eternos nem nos vais fazer definhar!

E quem não gostar mesmo de leite, lembrem-se que podem-no usar como cosmético. Há cremes e sabonetes de leite de cabra e de burra, fantásticos! Perguntem à Cleópatra!

      (texto da autoria de Sandrina Martins)

3 comentários:

  1. Realmente, ficamos a pensar na quantidade de leite que bebemos ao longo da vida, muitas vezes "agarrados" à velha ideia:
    Leite = cálcio
    De facto, somos o único animal a prolongar a toma do leite e, se calhar, podemos bem passar sem ele ou compensá-lo com outros alimentos. No entanto, continuo a achar que beber leite faz parte da dieta mediterrânica há muito tempo e vai continuar a fazer parte.
    Também sou como tu: gosto muito do meu pequeno-almoço com um copo de leite simples frio e uma torrada com manteiga! 😊

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    1. Muito obrigada pelo seu comentário, também em nome da respetiva Autora Convidada da Revista P´rá Mesa, sugerindo ser, se ainda não o for, Subscritora deste site, de forma a estar sempre a par de outros textos da mesma Autora, bastando inscrever-se gratuitamente em http://eepurl.com/hPd-Jj.

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      Com os melhores cumprimentos,
      Mónica Rebelo,
      fundadora da Revista P´rá Mesa em www.pramesa.pt
      e detentora do Blog Cozinha Com Rosto em www.cozinhacomrosto.pt

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    2. Muito obrigada pelo seu comentário. Expresso sempre o que acho, os meus gostos. Não sou de impôr nada. E neste assunto do leite, sei bem que para muitas pessoas é bem mais do que não gostar simplesmente, é não poder ter o leite na sua dieta. Mas quem puder, que o aprecie!
      Fique bem.

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