O planeta é azul porque tem muita água e nessa mesma água há plantas aquáticas, as chamadas algas.
E se eu vos disser que o
verdadeiro pulmão do mundo, o local que produz mais oxigénio, não é a Amazónia?
Parece que nos venderam essa ideia desde pequenos, e não é bem assim. Atenção:
a floresta e todo o ecossistema tropical da Amazónia são para continuar a
preservar, ok?
Vamos à explicação! “Se somarmos
o oxigénio produzido pela fotossíntese de toda a população de algas de todos os
oceanos, teremos mais gás do que aquele produzido pelas florestas”, palavras de
Elisabete Santis Braga, oceanógrafa e diretora do Instituto Oceanográfico da
Universidade de São Paulo. É lógico que assim seja, pois se os oceanos são
considerados os maiores sumidouros de dióxido de carbono, é porque também neles
se produzem grandes quantidade de oxigénio.
O excesso de oxigénio produzido
nos oceanos, liberta-se da água e fica disponível na atmosfera para todos os
seres vivos. E quem produz este gás vital para nós? Seres fotossintéticos
unicelulares e algas microscópicas, mas grande parte do trabalho é feito por
macroalgas.
Na verdade, os oceanos são uma
fonte enorme de recursos e as algas são um desses mesmos recursos que se podem
rentabilizar.
Para além de serem usadas na
alimentação, produção de medicamentos e de cosméticos, sabe-se que representam uma
forma eficaz de despoluir a água e podem ser usadas como fertilizantes ajudando
a corrigir o pH do solo.
Mas centremo-nos na sua
utilização na alimentação. Enquanto que as algas, para nós ocidentais, não
representam um elemento da nossa dieta tradicional, na Ásia é bastante comum o
seu uso.
Chegaram até nós através da
introdução da comida chinesa e japonesa na nossa cultura. Elas podem ser
verdes, castanhas ou vermelhas, e têm diversas aplicações – cozinhadas ou
cruas, e possuem propriedades estabilizantes e gelificantes como é o caso do
agar-agar.
As suas propriedades nutritivas
são bem reconhecidas e a Associação Portuguesa de Nutrição publicou um ebook,
onde divulga diversas informações úteis, como a classificação das algas, o
valor nutricional, cuidados a ter na compra e consumo e uso das algas na
cozinha portuguesa (clicar
aqui).
Em termos nutricionais,
apresentam uma elevada quantidade de minerais, proteínas, vitaminas e fibras, por vezes muito superior à que existe em muitos legumes terrestres. Outro
aspeto a não negligenciar é o baixo conteúdo em gorduras.
As algas comestíveis e
comercializadas em Portugal são: Wakame, Dulse, Esparguete-do-mar, Kombu, Nori,
Musgo da Irlanda, Fucus ou Bodelha e as agarófitas.
Na 2.ª Conferência dos Oceanos
das Nações Unidas, que decorreu em Lisboa entre os dias 27 de junho e 1 de
julho, elas tiveram o seu destaque num showcooking onde a produção nacional de
algas foi promovida.
Esta conferência, inserida na Década
das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030)
instituída pelas Nações Unidas, teve como principal objetivo alertar-nos para a
preservação dos oceanos, mega-ecossistemas com uma biodiversidade rica e em
parte até desconhecida.
As algas fazem parte desta
riqueza natural, por isso é bom que saibamos tirar partido delas, de modo a
privilegiarmos um modo de vida saudável, mas também sustentável.
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