sábado, 9 de julho de 2022

"Algas: a verdura dos oceanos" por Sandrina Martins

O planeta é azul porque tem muita água e nessa mesma água há plantas aquáticas, as chamadas algas.


E se eu vos disser que o verdadeiro pulmão do mundo, o local que produz mais oxigénio, não é a Amazónia? Parece que nos venderam essa ideia desde pequenos, e não é bem assim. Atenção: a floresta e todo o ecossistema tropical da Amazónia são para continuar a preservar, ok?

Vamos à explicação! “Se somarmos o oxigénio produzido pela fotossíntese de toda a população de algas de todos os oceanos, teremos mais gás do que aquele produzido pelas florestas”, palavras de Elisabete Santis Braga, oceanógrafa e diretora do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. É lógico que assim seja, pois se os oceanos são considerados os maiores sumidouros de dióxido de carbono, é porque também neles se produzem grandes quantidade de oxigénio.

O excesso de oxigénio produzido nos oceanos, liberta-se da água e fica disponível na atmosfera para todos os seres vivos. E quem produz este gás vital para nós? Seres fotossintéticos unicelulares e algas microscópicas, mas grande parte do trabalho é feito por macroalgas.

Na verdade, os oceanos são uma fonte enorme de recursos e as algas são um desses mesmos recursos que se podem rentabilizar.

Para além de serem usadas na alimentação, produção de medicamentos e de cosméticos, sabe-se que representam uma forma eficaz de despoluir a água e podem ser usadas como fertilizantes ajudando a corrigir o pH do solo.

Mas centremo-nos na sua utilização na alimentação. Enquanto que as algas, para nós ocidentais, não representam um elemento da nossa dieta tradicional, na Ásia é bastante comum o seu uso.

Chegaram até nós através da introdução da comida chinesa e japonesa na nossa cultura. Elas podem ser verdes, castanhas ou vermelhas, e têm diversas aplicações – cozinhadas ou cruas, e possuem propriedades estabilizantes e gelificantes como é o caso do agar-agar.

As suas propriedades nutritivas são bem reconhecidas e a Associação Portuguesa de Nutrição publicou um ebook, onde divulga diversas informações úteis, como a classificação das algas, o valor nutricional, cuidados a ter na compra e consumo e uso das algas na cozinha portuguesa (clicar aqui).

Em termos nutricionais, apresentam uma elevada quantidade de minerais, proteínas, vitaminas e fibras, por vezes muito superior à que existe em muitos legumes terrestres. Outro aspeto a não negligenciar é o baixo conteúdo em gorduras.

As algas comestíveis e comercializadas em Portugal são: Wakame, Dulse, Esparguete-do-mar, Kombu, Nori, Musgo da Irlanda, Fucus ou Bodelha e as agarófitas.

Na 2.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que decorreu em Lisboa entre os dias 27 de junho e 1 de julho, elas tiveram o seu destaque num showcooking onde a produção nacional de algas foi promovida.

Esta conferência, inserida na Década das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030) instituída pelas Nações Unidas, teve como principal objetivo alertar-nos para a preservação dos oceanos, mega-ecossistemas com uma biodiversidade rica e em parte até desconhecida.

As algas fazem parte desta riqueza natural, por isso é bom que saibamos tirar partido delas, de modo a privilegiarmos um modo de vida saudável, mas também sustentável.

        (texto da autoria de Sandrina Martins)

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